quarta-feira, 25 de setembro de 2013

alegoria da culpa

O Medo acabara de chegar àquela cidade. Uma Menina, que amava seu Amigo, conheceu o Medo e passou a andar com ele. O Amigo da Menina de tempos em tempos voltava para ver se ela já tinha se libertado do Medo e voltado a ser ela mesma, mas acabava frustrando-se, pois a Menina se apegara tanto ao Medo que não conseguia se livrar dele. O Medo, sabendo que tinha chegado o dia do Amigo da Menina ir embora para sempre, resolveu sumir da vida da menina também, afinal perdera a graça aquele jogo. Antes de ir embora, o Medo deixou um bilhete com a ela e disse que lesse somente depois que ele desaparecesse lá no horizonte. Toda chorosa pelo fato do Medo ter deixado ela de lado assim tão de repente, a Menina resolveu procurar o seu antigo Amigo, e assim descobriu que ele também havia ido embora. Completamente desolada, a Menina lembrou-se do bilhete que o Medo lhe dera e leu: “Não chores pelo Amigo que partiu e nem pelo Medo que te deixa. Às três da tarde, vá até a beira da estrada e um novo amigo virá ao teu encontro”. A Menina, apreensiva, olhou no relógio, faltava algum tempo. Mesmo assim, resolveu esperar, desde então, por aquele que viria ao seu encontro preencher o lugar do Medo e do Amigo no seu coração. Devia ser alguém muito especial, pois para ser capaz de preencher um espaço tão vazio, pensava a Menina em sua solidão. Enquanto esperava, começou a sentir uma coisa estranha dentro de si, não sabia se era dor, se era náusea... Foi quando ela viu que alguém vinha ao longe. Quanto mais se aproximava, mais aquele afeto ruim lhe pegava por dentro. Aquele que vinha ao longe se achegara. Começou a conversar com a Menina e mostrar para ela como o Medo não lhe queria bem, veio só atrapalhar o amor que ela sentia pelo Amigo. Enquanto aquele que veio de longe lhe ajudava entender como o Medo agia na vida das pessoas, a Menina ia sentindo cada vez mais forte dentro do peito algo que às vezes chegava a doer. Foi quando se lembrou de perguntar àquele que acabara de chegar “Quem és tu?” e então teve a resposta: “Eu sou a Culpa e te prometo, ao contrário do teu Amigo e do Medo, que não te abandonarei jamais”.

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