Ninguém sabia do nosso tesouro, era algo secreto, só meu e
dela.
Era algo tão íntimo que surpreendia a nós mesmos.
Às vezes eu me punha à janela, e ficava a olhá-la enquanto
estendia a roupa
do outro lado do muro
Sentia vontade de pegá-la
(já sei, mulher não se pega, coloca-se)
Mas eu insistiria em querer pegá-la, assim como se faz com
uma rosa
“Pegá-la” com carinho, com
amor,
Pegá-la no coração
Tocar a sua pele como se toca uma pétala,
Pegá-la no coração
Tocar a sua pele como se toca uma pétala,
Refresca-la com a água da chuva e dar a ela toda liberdade
do mundo
para que, gozando dessa perfeição,
pudesse se abrir sem medo, sem ter sequer uma de suas folhas
violadas.
Eu a olhava e via nela ternura
Ternura perfeita, misteriosa bondade
Do tipo que não se encontra nunca,
a não ser no sacrário secreto, no sacrário sagrado
No sacrário do feminino
de uma menina pura,
pura menina,
menina da van.
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