domingo, 15 de julho de 2018

Verde e azul Maria

Há lugares na vida que, de tanto amor,
tudo nos faz florescer.
Lugares em que o verde tem mesmo cheiro de esperança,
E o céu, um azul que refaz o mar trasbordar no Velho Chico.
Há um lugar em que o azul e o verde se misturam
tão perfeitamente que tudo parece amor:
amor feminino, amor-ternura,
de mulher
De uma, duas, tantas Marias
Mas nesse lugar, onde as Marias são três, e as cores são duas
o coração, junto com o rio, também transborda no mar
E quando a gente volta de lá, tudo parece estar reformado
Repintado em verde-e-azul-Maria.

sábado, 16 de junho de 2018

CUMPRA-SE

Feliz mesmo é quem pode, ao menos uma vez na vida,
acordar amado.
Ainda que de modo um pouco controverso,
onde os opostos brincam de esconde-esconde dentro de casa
E, à beira da intempestividade jurídica do amor,
que a todo tempo quer ditar os seus “Cumpra-se”
um jeito clínico de olhar o mundo,
e sua medicina do afeto,
é capaz de curar almas insensíveis,
trazendo-as de volta ao mundo dos vivos
Ao mundo dos vivos que fazem hambúrgueres,
não se esquivam da nudez,
e a cada esquina da casa sabem surpreender-se com um beijo diferente,
beijos que atravessam a madrugada.
E apesar de seus “cumpra-se”,
o direito de repente percebe a pureza de mãos que curam,
ainda que tão mexidas de terra
E, ao se deixar tocar por elas,
salva-se da doutrina que cega e das regras que o impedem de amar
Porque o gostoso na vida mesmo
é estar em mãos que não se escondem da terra,
cabelos que não se prendem ao vento
ouvidos que são todos atentos ao coração que também ordena:
Cumpra-se.

terça-feira, 1 de maio de 2018

Questão de mérito


No começo, as palavras pareciam não fazerem sentido
De tal forma, como se menina, mesa e pen drive
de repente não coubessem na mesma frase.
Mas a certo tempo do semestre,
era assim que o dia começava
A menina, a mesa e o pen drive.
No início, era apenas menina e mesa.
Mas depois, por uma questão de mérito,
um pen drive se meteu entre eles
Pen drive esquecido,
pen drive perdido.
Então já não era apenas a menina e a mesa.
Mas o mérito não é meu, disse ela
E de quem seria, perguntou ele
Porque na vida, assim como no direito,
a questão de mérito é mais intima e própria
É questão profunda, e carece da mais aprofundada análise.
Assim, a menina, a mesa e o pen drive
já não eram mais questão de linguagem
Cumpridas as formalidades contextuais,
a menina, a mesa e o pen drive
passaram a ser para ele uma questão de mérito.